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Habitus | Paisagens Sonoras Habitadas

Habitus | Paisagens Sonoras Habitadas

  • Título|Title: Paisagens Sonoras Habitadas
  • Acrónimo | Acronym: Habitus
  • Programa/Apoio | Program/Support: IDI&CA2022
  • Coordenação | Coordination: Jaime José Lopes dos Reis
  • Equipa | Team: Jaime José Lopes dos Reis, Carlos Caires e Sérgio Henriques Parcerias: Universidade de Corfu - Ionian University (Grécia) GMVL - Groupe Musiques Vivantes de Lyon (França) Tempo Reale (Itália) Lisboa Incomum (Portugal) Festival DME (Portugal)
  • Estado | Status: Em execução

Síntese descritiva

Este projeto visa fomentar a criação artística e o estudo da música electroacústica através de um sistema de difusão sonora de espacialização, com ou sem instrumentos acústicos, a partir do enquadramento teórico facultado pelos campos da bioacústica, ecologia acústica, paisagem sonora e outros termos que foram usados ​​por Truax, Krauss, Schafer, i.a., entre os domínios da pesquisa artística, ecologia e música. O trabalho a realizar será orientado por uma metodologia teórico-prática, através da colaboração transdisciplinar entre as áreas de Composição, Execução e Tecnologias da Música da ESML, recorrendo ao aconselhamento científico e parecer técnico de entidades estrangeiras e portuguesas experimentadas nestes domínios.
Este projecto em particular está centrado em ideias relacionadas com a exploração de paisagens sonoras e as suas aplicações. O desenvolvimento do projecto será baseado em 3 pilares  inspirados pelos conceitos de Bernie Krause: geofonia, biofonia e antropofonia.
As entidades parceiras estrangeiras tratam-se de instituições de referência internacional na área da criação musical contemporânea com recursos a meios tecnológicos inovadores, destacando, em particular, a sua experiência com a problemática aqui apresentada, referente ao estudo das paisagens sonoras, nas suas várias vertentes, incluindo a tecnológica.
O projeto irá beneficiar destas parcerias ao contar com o seu aconselhamento técnico, nomeadamente, através da realização de conferências online abertas à equipa técnica e artística do projeto.
As entidades parceiras Festival DME e Lisboa Incomum são instituições nacionais que desenvolvem trabalho de criação, programação e formação na área da música electroacústica e da paisagem sonora enquanto campo instituído, tendo já participado num Projecto Europeu dedicado a essa temática.

Revisão da  literatura

Paisagem Sonora: depurando conceitos e intervenientes

O campo da paisagem sonora alude ao estudo dos efeitos do ambiente acústico sobre as respostas físicas ou características comportamentais dos que nele vivem (Truax, 1978). Foi desenvolvido fundamentalmente a partir da década de 1960, acompanhando os movimentos cívicos e sociais de consciencialização ambiental, em particular no território norte americano, em particular no Canadá, por pioneiros como Westerkamp, Truax, Krause, Schafer, e.o.

O seu objectivo específico passa frequentemente por chamar a atenção para desequilíbrios que podem ter efeitos prejudiciais ou nocivos. Tem sido amplamente utilizado como fonte de inspiração para criadores no campo musical, bem como para estudos científicos.

Paisagem Sonora e Música

  1. Schafer revela a música como um elemento chave para a descodificação da percepção auditiva (Schafer, 1977), manifestando que qualquer investigador no campo da paisagem sonora se beneficiaria do conhecimento da história da música. Refere que nos traz um grande repertório de sons, incluindo o maior repertório de sons do passado, excluindo linguagem e literatura, que são menos confiáveis​​para os detalhes da ortografia e mudanças fonéticas na língua.

Quando comparada com outras correntes musicológicas, a etnomusicologia tem dado uma maior importância à paisagem sonora, enfatizando frequentemente as relações entre o ser humano e explicando algumas das intrincadas relações humanas entre o mundo natural e as práticas expressivas em determinados contextos.  Por exemplo, em determinadas comunidades, aprender novas canções é atribuído aos sonhos e ao contacto sobrenatural, como foram descrito por Anthony Seeger com a comunidade Suyá, em que por vezes um indivíduo é visto como compositor, como criador de novas canções quando as escutou enquanto seu espírito estava entre os pássaros (Seeger, 2004).

No campo da música erudita contemporânea ocidental, em particular acusmática, o conceito de paisagem sonora tem sido amplamente estudado, nas suas relações com o espaço, abordagens, tecnologias, técnicas de composição, e.o. (Reis, 2022). Há uma multiplicidade de obras acusmáticas que incidem sobre esta temática, nomeadamente, “Fluxus, pas trop haut dans le ciel” (Reis, 2020).

Paisagem Sonora e outros campos de conhecimento

Também noutros campos se verifica um crescente interesse pelo desenvolvimento de estudos que envolvem o trabalho de gravações de campo de modo a retirar informação a partir dos dados fonográficos recolhidos e analisados.  A colocação de microfones em florestas e outros ecossistemas para monitorar pássaros, insectos, sapos e outros animais é um procedimento cada vez mais regular na investigação científica. À medida que a tecnologia avança e se torna menos dispendiosa, argumentam os proponentes, a bioacústica está prestes a tornar-se uma importante ferramenta de sensoriamento remoto para a conservação. (Welz, 2019).

Actualmente os termos bioacústica, ecologia acústica, paisagem sonora e outros análogos que havido sido usados ​​por, nomeadamente, Truax, Krauss, Schafer, coexistem e são parte integrante dos currículos académicos que cruzam campos como a música, biologia, ecologia, cinema e outras áreas de conhecimento.

Em Portugal, o trabalho de Carlos Alberto Augusto tem sido determinante para a disseminação dos estudos nesta área, bem como a sua perspectiva no contexto português.

 

Descrição das atividades

  1. Montagem do sistema (Setembro-Outubro 2022), Inventariação do material,, Esquematização das técnicas de captação e respectiva documentação
  1. Sessões introdutórias (Novembro 2022), Realização de gravações de campo com sistemas diversificados;, Conferências/ intercâmbio com representantes das instituições parceiras
  1. Trabalho de criação (Dezembro 2022-Maio 2023), Elaboração das novas criações pelos alunos de Composição, com a participação dos alunos de Execução e Tecnologias da Música, Reuniões semanais com os investigadores
  1. Apresentação pública na ESML (Junho 2023)
  1. Preparação dos outputs do projecto (Julho-Setembro 2023)
  2. Lançamento dos outputs (Setembro 2023)

 

Referências

Augusto, C. A. (2014). Sons e Silêncio da Paisagem Sonora Portuguesa. Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Krause, B. (2012). The great animal orchestra: Finding the origins of music in the world’s wild places. London: Profile Books.
Krause, B. (2013). Ted Talk: The voice of the natural world - Bernie Krause. TEDTalk.
Reis, J. (2020). CD: FLUXUS; Clara Saleiro, Duo Contracello, Pınar Dinçer, Aleph Guitar Quartet. Vienna: KAIROS.
Reis, J. (2022). Exploring polyphony in spatial patterns in acousmatic music. In E. Tomás, T. Gorbach, H. Tellioğlu, & M. Kaltenbrunner (Eds.), Embodied Gestures. TU Wien Academic Press.
Schafer, M. (1977). The Soundscape: Our Sonic Environment and the Tuning of the World. Rochester, Vermont: Destiny Books.
Schafer, M. (1992). O ouvido pensante. São Paulo: Editora UNESP.
Seeger, A. (2004). Why Suyá Sing: A Musical Anthropology of an Amazonian People. University of Illinois Press.
Truax, B. (1978). Handbook for Acoustic Ecology. Simon Fraser University / ARC Publications. Retrieved from http://www.sfu.ca/sonic-studio-webdav/handbook/index.html
Welz, A. (2019). Listening to Nature: The Emerging Field of Bioacoustics. Retrieved from https://e360.yale.edu/features/listening-to-nature-the-emerging-field-of-bioacoustics
Westerkamp, H. (2001). Speaking from Inside the Soundscape. In D. Rothenberg & M. Ulvaues (Eds.), The Book of Music and Nature (pp. 143–152). Middletown, Connecticut: Wesleyan University Press.


Actividades

Fonossíntese em Monsanto
https://esmlcomposition.blogspot.com/2023/03/fonossintese-em-monsanto-2023-lab-mm.html

Lugares Invisíveis (2a versão), Festival Imersivo, Lisboa Incomum
https://www.dgartes.gov.pt/pt/evento/4968

 

 

Data da última alteração: quinta, 15 fevereiro 2024 16:09
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